terça-feira, 30 de setembro de 2008

Aberta a temporada de caça às benesses

Recesso branco no Congresso. Em decorrência do período eleitoral nos municípios brasileiros, os parlamentares têm se beneficiado do direito a “licença” para irem aos estados de origem prestar apoio aos aliados nas campanhas. Com essa saída estratégica os suplentes estão garantindo seus dias de fama. Está aberta a temporada de caça às benesses que o poder legislativo oferece.
A notícia da semana foi a posse da segunda suplente do senador Fernando Collor, que saiu de licença, por 90 dias, para apoiar a campanha de familiares em Alagoas. Com esta saída, o número de suplentes aumentou: mais de 20% dos 81 senadores eleitos.
A agência de notícias do Jornal Estadão publicou matéria sobre a posse de Ada Mello, a segunda suplente de Collor. No texto constam informações sobre a senadora que assumiu o cargo depois que o primeiro suplente, Euclydes Mello, também deixou o poder para auxiliar na campanha do município de Marechal Deodoro, no Estado de Alagoas. A matéria ainda cita informações sobre as intenções de Ada em lutar pelos “menos favorecidos”. O discurso de luta em prol dos oprimidos foi feito no plenário da casa, na última segunda–feira, dia 15 de setembro. A matéria ainda cita a proposta de emenda constitucional sobre o caso de suplência de senadores, que ainda está em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça daquela casa.
O site G1 também noticiou esse caso. No entanto, as duas matérias são similares a da Agência Estado. Somente são acrescidos dados sobre outros senadores que deixaram seus cargos para suplentes este ano.
Tanto a rádio Band News quanto a CBN não noticiaram o caso. Em relação aos veículos televisivos, fora a TV Senado, que fez a transmissão ao vivo da posse da Ada Mello, não houve ocorrência sobre o assunto.
Uma questão como essa não pode ser deixada de lado. A população, que é quem elege os parlamentares, deveria ser melhor informada sobre o assunto. Ao contrário, a informação ficou restrita à internet. Com um sistema de comunicação tão diversificado como o atual é inconcebível que um assunto dessa magnitude fique refém a apenas um instrumento de informação. A internet ainda não é acessível a toda a sociedade. Acrescente-se a isto o fato de a população não possuir conhecimento apurado acerca do processo de suplência na política brasileira. Muitas vezes nem se sabe quem é o suplente do político eleito. Isso mostra que o Brasil ainda está longe de ser democrático de fato.
Ninguém compra um produto sem saber se um outro, muitas vezes de pior qualidade, pode substituir o principal. Porque, então, na política tem que ser assim? Nessa perspectiva os veículos de comunicação, muitas vezes, são complacentes. A mídia deve, ou pelo menos deveria, honrar o acordo tácito firmado com a sociedade: divulgar todas as informações necessárias à formação de opinião para que a população possa tomar decisões.
Ainda estamos longe disso.

Camila Costa, Jaqueline Silva, Layla Fuez, Natália Pereira, Tamara Almeida, Samuel Júnior

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Falta com a educação ou falta de educação?

Em meios de comunicação de massa como a televisão e o rádio, os assuntos comentados devem ser de importância social, levando em conta que não é preciso formação acadêmica para saber que a sociedade pauta os temas apresentados pela televisão. A TV consegue pautar o que se conversa.

Infelizmente, certas discussões parecem acontecer apenas quando é conveniente ao meio que o veicula. Pior que isso, talvez: é levado em conta o momento em que é veiculado. Acusação? Então porque temas dentro da educação chovem em época de eleições?

Na teoria, a sociedade pautaria os telejornais, que por sua vez, pautaria a política. Na prática, os telejornais pautam os assuntos que para eles são relevantes. Educação por exemplo. Por fim, a sociedade se vê encabrestada pelos jornais a fim de cobrar dos políticos. Uma simples forma de indução subliminar.

O Jornal Nacional, por exemplo, elaborou sua pauta de educação superficialmente. Apesar dos problemas seculares de educação no Brasil, o JN continua batendo na mesma tecla: falta capacitação pedagógica nos centros de ensino público. Isso não tira o mérito do JN. Mas, o jornal mais popular do país só está lançando essa bandeira novamente porque é época de eleição. Daqui a pouco, doutor Cristovão Buarque (ex-presidente da Universidade de Brasília e ex-governador de Brasília) aparece na televisão dizendo que o “problema está na educação”. O mesmo aconteceu com a Record.

Os jornais que me desculpem, mas a sociedade está careca de saber, está careca de reclamar e está careca de ouvir desculpas. Talvez, tenhamos nascido com algum tipo de calvície permanente porque sempre estivemos “carecas” por alguma coisa.

Foram dois dias de matéria de educação, uma na quarta-feira quando o JN lançou uma pesquisa do IBGE – onde a educação era um dos pontos críticos da pesquisa – e outra na quinta-feira, quando o mesmo jornal mostrou o drama do número de escolas com crianças analfabetas.

Não se devem desmerecer as matérias do Jornal Nacional, mas os prezados diretores do JN e da Record devem entender que não existem mais cabeças manipuláveis. Não precisamos de pauta que nunca muda e que não mostra nenhuma solução. É necessário levar os jornalistas de volta para as salas de aula e ensiná-los novamente as Leis Universais do Jornalismo? É necessário abrir mais a porta para este tema.

Tirem os gatekeepers de circulação por enquanto. Mostre em horário nobre a violência que toma as escolas públicas no país. Quem é que está sabendo, a não serem os moradores locais, que as escolas do Distrito Federal (berço da política) estão implantando câmeras de vigilância para monitorar e controlar a criminalidade?

Talvez o problema nem seja por causa dos barões do telejornalismo que querem que os políticos invistam em segurança mais rigorosa nas escolas. Não, este não é o calcanhar de Aquiles. Jornais simplesmente só pautam o que é Importante – com I maiúsculo mesmo. Pode até não ser de muita relevância, mas enquanto os jornais de horário nobre mostram estudantes de países longínquos, como um da Finlândia que matou dez pessoas nesta última terça-feira, a sociedade irá esquecer o real problema que atinge nossas escolas e nossa sociedade. Parece até que o problema também é nosso, e não deles. Aqueles que esqueceram das Leis Universais.

Carolina Lima, Gustavo Oliveira, Priscila Botão e Rayanne Portugal

PRESIDENTE BOSSA NOVA

Na matéria do Jornal do Brasil “Música para homenagear JK”, do dia 18 de setembro de 2008, o texto utilizado é mais poético e, somente no decorrer da reportagem, começa a ficar mais informativo e jornalístico. Ele já começa falando do cinqüentenário da Bossa Nova e do aniversário de 106 anos de JK, se vivo fosse. No lead, há um mesclado da Bossa Nova, que aparece no chapéu da matéria, e de JK, que está no título de maneira bem costurada.
Já a matéria do Correio Braziliense “Sintonia Antiga”, também do dia 18 de setembro de 2008 o texto utilizado é mais informativo e jornalístico. O lead da matéria fala da amizade de Leila Pinheiro e Roberto Menescal, mais especificadamente de Leila. No segundo parágrafo, já começa a se falar da Bossa, contando uma história da gravação do CD de comemoração dos 30 anos do estilo.
As fotos das duas matérias condizem com o material da reportagem. Porém, a do Jornal do Brasil é mais clara, visto que retrata o que está realmente está dizendo o texto: A gravação foi feita apenas com Menescal ao violão e Leila ao piano. E o Correio ilustra com uma fotografia de Leila ao vocal e Menescal ao violão.
O sutiã das duas é praticamente igual. Correio: “Leila Pinheiro e Roberto Menescal celebram parceria no Memorial JK. Há lote de 310 ingressos gratuitos”. Jornal do Brasil: “Roberto Menescal e Leila Pinheiro se apresentam hoje, em Brasília, com entrada gratuita”. Enquanto o chapéu do Correio é ‘Música’ o do Jornal do Brasil é ‘Bossa Nova', o que mostra que foi destinada uma parte no jornal ao estilo musical que completa 50 anos.
As duas matérias são marcantes com relação a aspas dos artistas e têm outra coisa em comum: a linguagem acessível.

Caroline Figueira, Anna Karla e Eugifran

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Eleições Americanas: o jogo sujo dita as regras da campanha





Em linhas gerais, nesta semana, ficou constatado na cobertura das eleições americanas o jogo “sujo”, e de uma maneira escancarada. Acusações desmedidas, troca de insultos, a conveniência política, a disputa racial. A circunstância observada se dá devido ao curto espaço de tempo que os candidatos têm para convencer eleitores e o dia da decisão eleitoral. Republicanos e democratas sofrem de um angustiante empate técnico, com uma pequena e insignificante vantagem para Barack Obama.
De um lado Obama, o inovador, jovem, negro, o popular. De outro John McCain, conservador, governista, branco e oportunista. Em um país como os Estados Unidos em que o racismo existe e é declarado, ao contrário daqui que é velado, o que predomina é a eleição racial.
O cinismo dos falsos apoios políticos de Bill e Hillary Clinton que apóiam Obama, quando na verdade por motivos de força política maior querem que McCain ganhe. A divulgação da imprensa de que Sarah Palin é a vice-republicana foi bem aceita e deu um fôlego para a campanha do governista.
Porém, o discurso oportunista e bastante contraditório de McCain que sempre foi contra a regulamentação econômica das grandes empresas em Wall Street fez com que o candidato perdesse pontos com os eleitores. McCain mudou o discurso mais pela conveniência do que pela consciência.
Enquanto isso, o astuto Obama só espera um vacilo do oponente para lhe dar uma rasteira e correr para o abraço.
De acordo com as apurações feitas pelo grupo, a mídia impressa foi a que mais veiculou informações sobre o assunto sendo o jornal Folha de São Paulo, o responsável, pela maior cobertura do assunto. Seguido pelo jornal O Globo. Na televisão, nem o Jornal Nacional e Jornal da Record abordaram o assunto. Em ambos, a eleição americana foi ofuscada, pela pauta da semana, a “crise boliviana”. Os programas de notícias das rádios, Jovem Pan e Transamérica também optaram pela crise da Bolívia.
Adimar, Hermes e Diana Vasconcelos

O Mundo Pega Fogo e (Quase) Ninguém Fica Sabendo

Deus sabe como eu gostaria de ter assistido a matéria do dia 15/09, no site do DFTV 2ª Edição sobre os incêndios causados pela forte seca no DF. Que Heráclito Fortes, o Jabba brasileiro, morra se não for verdade. Não foi disponibilizado nenhum vídeo na Internet. Infelizmente a “matéria” que achei foi só uma notinha pequenininha no site sobre um foco de incêndio – já controlado pelos bombeiros - em uma área próxima a Taguatinga. Foi uma nota tão pequena que se eu resumir para vocês vai sobrar só um punhado de letras, e se eu copiar aqui a Globo pode me acusar de plágio, e não quero mais processos na minha vida. Já basta um que estou respondendo por conta de uma confusão em um inferninho em Guadalajara. Mas isso não vem ao caso no momento. De qualquer forma, a cobertura deste dia foi tão superficial quando os pensamentos e preocupações de Paris Hilton. Em menos de quatro linhas completas, a notícia foi dada, sem qualquer aprofundamento.
No dia 17, o DFTV dedicou-se um pouco mais ao assunto. Com mais informações, mas nenhuma grande cobertura. Satisfatório, apenas. A primeira edição do jornal deixou passar batido a pauta, ficando a cargo da segunda edição.

O jornal local da Record fez uma cobertura com um viés diferente. No dia 10/09 destacou aqueles prejudicados pelos incêndios dos quais nem ouvimos falar: os animais. Em determinado momento chegam a mostrar um tamanduá morto, queimado. Uma cena não muito agradável, diga-se de passagem. Só que à medida que a matéria vai se desenvolvendo, o lead vai pro saco, mudando misteriosamente. Deixa de ser os incêndios para se tornar unicamente os animais. Assim, começaram a falar dos atropelamentos a animais e as queimadas viraram história.

Nosso moderno sistema de monitoramento de rádios, que consiste em ficar mudando de uma estação para outra freneticamente até achar algo que preste, identificou apenas uma matéria que tratava do assunto. Foi no jornal Bandnews FM, em sua edição noturna. A galera do Saad deu uma matéria apenas, mas foi boa, completinha.

O Jornal de Brasília, famoso por ser infame, dedicou-se um pouco mais ao assunto. Praticamente todos os dias da semana compreendida entre os dias 15 e 19/09 trataram do assunto. Mas também não foi nenhuma cobertura digna de Prêmio Esso. Entrevistou alguns bombeiros e atribuiu o problema à falta de preparo dos fazendeiros, sobretudo. A característica especial ficou nas capas mais bem elaboradas que a própria matéria, com destaque para o dia 17, que publicou uma foto bem grande na frente, mas a matéria em si não ocupou nem meia página. Algo muito parecido com os programas que o SBT lança. Fazem um grande estardalhaço antes da estréia e quando você vê não é nada de mais.

O Correio Braziliense também não esqueceu o assunto. Não fez uma grande reportagem – o que ninguém fez, na verdade -, preferindo cobrir o assunto com doses homeopáticas ao longo da semana. Ainda assim algum destaque foi dado à dobradinha clima seco + irresponsabilidade = queimadas. Um jornalismo meio ambiental, meio público; um feijãozinho com arroz, que é meio obrigatório nesses casos. No dia 17, porém, o correio fez uma retrospectiva dos últimos 18 dias de seca e chamas. Cobertura positiva para o Correio, que um dia chegará ao nível da Folha e do Estadão. Podia ser melhor, mas está no caminho certo. Avante, filhos de Chateaubriant! Um dia acabaremos com a supremacia dos “mano”!

And that’s all, folks!
Amilton Leandro, Erik Lima, Nathalia Frensch, Raquel Bernardes e Marcelo Brandão

Menino de oito anos ajuda mãe no parto da irmã

Os meios de comunicação noticiaram, nesta semana, um fato curioso, ocorrido na Cohab Juscelino, zona leste de São Paulo. Um menino de 8 anos ajudou a fazer o parto de sua irmã que estava nascendo. A mãe das crianças, Roberta Sabino, passou a noite sentindo dores. O pai havia saído cedo para pedir ajuda à Guarda Civil Metropolitana. Quando voltou, a pequena Lidiane já havia nascido.

A nota do SPTV foi bem completa. Contou todos os passos do pai até chegar em casa e descobrir que a filha havia nascido. O pai está bem presente na matéria, que falou também da dificuldade em se conseguir ajuda tanto da SAMU quanto da Guarda Civil Metropolitana. A matéria do Jornal Hoje contou, de forma mais rápida, o que ocorreu com a família Sabino, e focou a história em Robert, o menino que fez o parto da irmã.
Os veículos televisivos foram bem detalhistas ao contar o ocorrido. Os jornais (SPTV e Jornal Hoje) que foram ao ar no dia 15/09, trouxeram sonoras do menino Robert e de seu pai, Luciano. O SPTV teve uma duração maior, uma vez que o jornal é local e transmitido apenas ao estado de São Paulo.

O Correio Braziliense publicou apenas uma nota em seu jornal. Não houve nenhuma sonora, apenas os fatos mais relevantes estavam na nota publicada. Já o jornal O Globo contou a história mais detalhada. Desde o momento em que a mãe começou a sentir dores até a hora em que foi para o hospital verificar se estava tudo bem com a mãe e a filha. Procurou também usar sonora de todos os envolvidos na história. O foco maior da matéria foi a coragem do menino em fazer o parto da mãe.

Os veículos de rádio quase não deram a notícia. A rádio Jovem Pan, um dos poucos a noticiar, apenas deu um boletim sem sonora e não citou nome de ninguém envolvido na história. A rádio, de forma rápida, conta que a mãe foi auxiliada pelo menino e, em seguida, encaminhada para o Hospital Geral de Guaianases.

João Felipe, Luiza Seixas, Mariane Rezende, Mila Ferreira, Stella Mendes e Thaís Paranhos

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Cantora Madonna fará shows extras no Brasil

A rainha do Pop continua arrasando corações. Mesmo depois de completar 50 anos de vida. Madonna mostra que continua em plena forma. No auge do sucesso há mais de 20 anos, ela prova que não era apenas um rostinho bonito na mídia. As apresentações que a musa fará no Brasil estão com os ingressos esgotados. As últimas informações confirmam shows extras no Rio e em São Paulo.

Para quem pensava que Madonna se resumia a dois ou três rebolados e a caras e bocas se enganaram. Ela se reinventa a cada sucesso surpreende críticos e fãs. O público Madonna se renova, mas os clássicos da década de 80 como Like a Virgin e Like a prayer garantido no podium das preferidas.

Sobre as apresentações de Madonna no Brasil, a cobertura da mídia ainda é pequena por que os shows só acontecerão no fim do ano. Na última semana, se restringiu apenas a confirmação das apresentações extras e os problemas com vendas de ingressos. Uma boa notícia confirmada pela assessoria da cantora, é que está reservado para os portadores de deficiência e idosos um espaço para assistirem os shows.

Os veículos de rádio analisados, Jovem Pan e Transamérica, apresentaram apenas promoções de ingressos para fãs. Não veicularam nenhuma reportagem sobre o tema. Já nos jornais impressos Folha de S.Paulo e O Globo a repercussão foi pequena.
Nem o Jornal Nacional, nem o Jornal da Record, veicularam matérias durante o período.

No período pesquisado, Folha de S.Paulo veiculou somente uma matéria no dia (06/09) uma reportagem enfocando sobre a confusão e o esgotamento de ingressos para o show, abordando a problemática das empresas de produção envolvidas.

O jornal O Globo abordou melhor o assunto. Publicou matérias não só sobre os shows de Madonna, mas também sobre curiosidades que envolvem a diva do Pop. Os fãs de Madonna que leram O Globo durante o período analisado, tiveram acesso a informações complementares e atualizadas. Contudo, acreditamos que o assunto ganhará de acordo, com a proximidade do evento.



Alunos responsáveis pela análise dos veículos

Adimar Júnior
Diana Vasconcelos
Hermes Pena

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Novos rumos para a educação do Brasil

Nesta semana foram divulgados os primeiros resultados relativos ao Índice Geral de Cursos da Instituição (IGC). O novo índice avalia as universidades, centros universitários e instituições de nível superior no país. O método desenvolvido pelo Ministério da Educação (MEC) leva em consideração a estrutura das instituições e o investimento em professores e nos cursos de graduação e pós-graduação. Antes a forma de avaliação dos cursos de graduação era por meio do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Já a análise dos cursos de pós-graduação era feita por meio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
A abordagem feita sobre o assunto no Rádio foi a mais pobre em dados e também a mais sucinta em relação aos veículos impressos e televisivos. Tanto na abordagem da CBN como na da Jovem Pan, não há sonora do ministro da Educação, única fonte oficial ouvida em todas as matérias analisadas sobre o assunto. Com aproximadamente 1’40, a reportagem da CBN citou dados numéricos e a lista das dez melhores instituições do país., mas sequer mencionou o ministro da Educação. A matéria da Jovem Pan abordou a não participação das principais universidades estaduais do país, a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), além do caso da demissão do reitor da primeira colocada do ranking, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Dos jornais veiculados na televisão, tanto o Jornal Nacional assim como o Bom Dia Brasil tiveram sonora do ministro da Educação, Fernando Haddad. Nos programas não foi citado o nome do novo método de avaliação, o Índice Geral de Cursos (IGC). Pelo fato dos jornais serem produzidos pela mesma emissora, as matérias que foram transmitidas, estão muito parecidas e citam as mesmas informações.
Os jornais impressos analisados foram os mais completos em relação aos outros veículos. Foram analisados O Globo e o Correio Braziliense. O jornal O Globo usou aspas do ministro da Educação e utilizou números, porcentagens e gráficos, além de fazer uma análise regional do IGC, mostrando que a região Sul é a mais bem avaliada e a Norte, a que tem a pior avaliação. O Correio dá ênfase às colocações de algumas instituições de ensino do DF, dando destaque à UnB e a Escola Superior de Ciências da Saúde do Governo do Distrito Federal (Escs). O jornal também enfatizou as faculdades que tiveram os piores desempenhos.
De modo geral, há discrepância em alguns dados numéricos divulgados pelos três meios de comunicação analisados. Pelo menos um de cada veículo analisado na TV, na Rádio e nos Jornais, cita a Unifesp, que foi destaque por estar no topo da lista e ser estadual – as universidades estaduais não são obrigadas a participar do Enade, exame feito para que os cursos de graduação pudessem ser avaliados. A maioria dos veículos analisados mostra a notícia por um viés positivo. Apenas o jornal O Globo mostra que 500 cursos foram reprovados no IGC.

Alunas: Luíza Seixas, Mariane Rezende, Mila Ferreira, Stella Mendes, Thais Paranhos, João Felipe

Grampos, escutas e tesouras

Concordamos que o Congresso está sempre agitado, pelo menos das segundas às quartas-feiras, quando tem alguém trabalhando por lá. Mas ultimamente, os corredores de lá se agitam com a CPI dos Grampos, não o de cabelo, claro. Ao contrário do seu primo capilar, o grampo telefônico salta para um universo de agentes da PF, ABIN e por fim, a imprensa (leia-se todo o resto do mundo), uma conversa que deveria se restringir a apenas duas pessoas, localizadas em cada uma das pontas de uma linha de telefone. E daí surgem aquelas matérias nos telejornais que mostram diálogos exibidos com legendas ipsis litteris do que está sendo dito - coisa que particularmente adoro, principalmente quando a conversa é entre traficantes que falam “abacaxi” querendo dizer “vinte quilos da mais pura cocaína boliviana”.

Voltando ao colarinho branco (no caso de Protógenes Queiroz, uma camisa de feira com paletó improvisado), a ABIN está sendo encurralada por todos os cantos para explicar as dúzias de grampos feitos nas mais diversas investigações. Por incrível que possa parecer, a Globo não apontou o dedo na cara de ninguém acintosamente, limitando-se a contar as notícias mais fresquinhas das investigações. Gilmar Mendes posa como o mais ofendido dos seres humanos, e o Jornal Nacional lhe dá todo o espaço possível. Entre os dias seis e dez de setembro (o assunto foi ignorado dia 11) o JN foi mostrando os desdobramentos do caso. Relatou o depoimento do ex-diretor da ABIN, Paulo Lacerda e o envolvimento do Delegado Protógenes - parece nome de personagem de novela da plim-plim, concorda? – da Polícia Federal, que foi envolvido no caso e não sai dos holofotes da imprensa desde a “Operação Satiagraha”, por mais que sua falta de jeito com as câmeras entregue que ele prefere ficar fazendo seus cursos da PF sem ser notado. Só para fechar o comentário sobre o Jornal Nacional, o depoimento de Lacerda, que parecia ser o grande barato da coisa toda, foi mostrado quase que como um detalhe. Do depoimento do ex-diretor, saiu apenas que ele afirmou que a ABIN não tinha equipamentos específicos para fazer escutas telefônicas. Pouco ou nenhum destaque para um fato aparentemente tão importante para o caso.

Ainda dentro do Império dos Marinho, o impresso O Globo foi contemporizando até os limites do enjoativo, contando as notícias retamente, sem pôr lenha na fogueira, sempre afirmando que fulano negou isso, cicrano negou aquilo...
A Folha de S. Paulo, por sua vez, cobriu intensamente o caso, chegando a interferir diretamente nas investigações, com sua cobertura. Se Tarso Genro, Ministro da Justiça, gosta de ver seu nome no jornal, a Folha lhe deu um prato cheio. Suas declarações tiveram destaque no impresso, que, de longe, fez uma cobertura mais completa e redondinha.

A versão menos popular do Jornal Nacional, o Jornal da Record, tentou contar toda a história da humanidade com os grampos telefônicos em um minuto e meio em cada edição. O telejornal do Bispo tentou socar todas as informações possíveis em um espaço curto de tempo, muito mais curto do que o assunto merecia. Acabou falando tudo e não atingiu o público em nada. Como diz o cantor e compositor brega Falcão, “ou é ou deixa de é”. Nesse caso, a Record não foi nem deixou de ir.
Pra piorar a situação, o repórter usava um tom de voz tendencioso, não parecendo se importar se o leitor tem um cérebro totalmente formado e quer tirar suas conclusões sozinho.

Para o público que cola o ouvido no radinho, a CBN cobriu com eficiência e conseguiu o que a Record não chegou nem perto. Em poucos minutos de matéria, as informações foram bem explicadas, bastante atuais e sem puxar a sardinha pro gato ou pro cachorro.

Resumindo, leia a Folha escutando a CBN que você estará catedrático em grampos telefônicos em pouquíssimo tempo.

Em tempo: para grampos de cabelo, fale com
Carlinhos Beauty, o Mago das Tesouras.

Um Big Bang na Comunicação

(Divulgação)

Uma máquina que simula o suposto efeito do Big Bang, chamada de acelerador de partículas - LHC (Large Hadron Collider) - foi destaque na maioria dos veículos de comunicação nesta semana, por causa da complexidade do experimento. Por se tratar de um assunto científico, os jornalistas tentaram explicar o funcionamento da experiência, mas em quase todos foram usados termos técnicos desconhecidos pela maioria dos leitores, telespectadores e ouvintes. Como na rádio CBN, por exemplo, quando a repórter tentava explicar e acabava confundindo ainda mais: “o primeiro feixe de prótons lançado no grande colisor fez a primeira volta completa em uma hora, no gigantesco túnel subterrâneo, que tem 27 quilômetros e fica na fronteira entre a França e a Suíça. Pouco depois, outro feixe de partículas na direção oposta conseguiu percorrer todo o acelerador. Isso pela primeira vez se conseguiu fazer”.


Nas matérias veiculadas no Jornal Nacional, da Rede Globo, o assunto foi publicado em duas edições. A primeira vez, na véspera do acontecimento e a segunda no dia seguinte, quando falaram sobre o procedimento. No entanto, os recursos que ilustrariam o fenômeno, como infografias ou efeitos gráficos, foram pouco explorados nos jornais televisivos. No Jornal da Record, foi veiculada apenas uma matéria, mas foi a melhor elaborada. Houve simulação do experimento o que deixou o assunto um pouco mais claro. Outro diferencial da matéria da Record em relação aos outros veículos foi a informação sobre a existência de um acelerador de partículas igual, porém menor, na Universidade de São Paulo (USP) desde os anos 70.


Nos dois veículos impressos analisados, O Globo e o Estado de S. Paulo, a cobertura foi basicamente a mesma. A construção do acelerador, as conseqüências do experimento para as novas tecnologias, principalmente a medicina foram os tópicos abordados. O diferencial da cobertura do Estadão, foi a preocupação em falar sobre a polêmica entre os cientistas Peter Higgs e Stephen Hawking sobre a existência do bóson de Higgs, responsável por dotar de massa tudo que existe no Universo. A grande surpresa da análise foi a ausência da notícia na Band News FM.

É importante ressaltar que as pautas – acelerador de partículas e a simulação do Big Bang – não são assuntos novos na mídia especializada. Prova disso são as matérias e reportagens publicadas em revistas especializadas nos anos 90. Mesmo nos veículos que tratam de ciência e tecnologia mas detém um público mais amplo, como a Superinteressante ou a Galileu, o tema já era recorrente em reportagens.


Postado por:
Camila Bogaz, Camila Vidal, Fernanda Alves, Juliana Ribeiro e Rebeca de Bem

Caos na Ibovespa e terrorismo na imprensa

Nesta terça-feira (9/9) uma crise abalou a nossa economia neoliberalista. Segundo os jornais mais lidos brasileiros, o problema ocorreu “depois que os preços de commodities sofreram queda”. As quedas de preços das matérias primas como gás natural, petróleo e metais derrubaram o índice do Ibovespa, principal indicador da bolsa de valores do país. Com o resultado desta terça, a bolsa paulista acumula queda de 13% em setembro e 24,1% no ano. Na véspera, o desempenho do mercado brasileiro já havia sido ruim: baixa de 3,96%.

Realmente, matérias de economia são difíceis de engolir. Expressões como “commodities” ou “índice de desvalorização” provocam uma fuga em massa da sala de TV. Pensando nesse fenômeno, é comum ver meios de comunicação populares como o Jornal Nacional e Jornal da Record tentando simplificar o tema para que o telespectador não se sinta tão burro.

Segundo o JN, nossa economia estava seguindo “o caminho vermelho para o fundo do poço” e que “o dólar era o culpado”. Já o Jornal da Record fez uma análise tanto quanto mediana, citando mais as bolsas internacionais do que a própria Ibovespa. Mas não seria o caso de repensar o enfoque, trazê-lo para mais perto do espectador?

Este tema deu muito pano para manga porque o Ibovespa permaneceu no vermelho. O Jornal da Record voltou a falar sobre o assunto na quinta-feira da mesma semana e deu um pouco mais de crédito aos problemas do Brasil. Contudo, o JN não se preocupou em dar mais detalhes sobre o assunto.

Diferente do ocorrido no horário nobre, o Jornal da Globo superou a expectativa de ambos jornais, explicando com detalhes claros a situação em que o Ibovespa se encontrava e indicando as futuras saídas para a bolsa paulista. A matéria de 6 minutos trouxe um analista que falou economês por longos 3 minutos. Pelo menos deixaram para o analista a parte complicada. Nos dias seguintes, quarta e quinta-feira, o jornal ainda voltou ao assunto.

ALL NEWS – Band News e CBN mostraram tudo que era importante comentar, além de citar os preços cotados nas bolsas no final do dia. A Band News voltou com o mesmo tema na quarta-feira, dando uma cobertura mais apurada ao assunto, mas não voltou a falar sobre.

A CBN pode receber mais créditos porque acompanhou o desenvolvimento mais vezes durante a semana. Apoiada em vários comentaristas e especialistas, ela produziu matérias que variavam de cinco a doze minutos de duração – consideradas grandes para uma rádio. A rádio analisou de forma mais clara e conseguiu explicar em minúcias os pontos que ficaram brancos na cabeça dos ouvintes.

CAOS NO IMPRESSO? – Primeiro dia de crise. Matérias desesperadas nas capas das sessões de economia. O Globo disse Dias sombrios no império; O Estado de São Paulo explica: “Temor sobre expansão global aumenta e analistas já vêem pânico”. Os jornalistas não pouparam palavras desse tipo nas páginas completas do primeiro dia após o “caos” trazido pela queda.

Em O Estado de São Paulo, levamos duas colunas inteiras para ouvir a palavra commodities, termo tão explicado nas outras mídias. A queda é diretamente ligada à alta do dólar sem, no entanto, ser explicado o porquê.

O Globo conta como o pessimismo gerado na economia americana, devido à crise nas hipotecas do país, levou a Bovespa à queda. Ponto! Mas ponto perdido ao continuar a leitura cheia de números e análises pouco claras.

Mas engraçado como o jornal disse que o caos estava instalado: o dia seguinte desmentiu o desespero. Com a chamada “Bovespa reage e dólar também sobe”, O Estado de São Paulo volta ao assunto em seu pobre único parágrafo cheio de números. Poderíamos perguntar a Claudia Violante, Denise Abarca e Paula Laier, jornalistas que assinaram a matéria, de onde foi o release resumido.

O Globo não voltou ao assunto. Fim aos dias sombrios.

Por Carolina Lima, Gustavo Oliveira, Priscila Botão e Rayanne Portugal

Jornais de Muleta

Existe um grande deficiente nas paraolimpíadas: os jornais. Depois de toda a pompa e espetáculo feito nas olimpíadas agora parece que os jornalistas estão cansados, ou pelo menos não têm condições físicas de correr atrás da matéria. Apesar de vencerem qualquer dificuldade e encherem de orgulho o Brasil, os atletas são homenageados com pequenos espaços nos impressos.
A verdade é que o Brasil gosta daqueles que não se esforçam, porque nas olimpíadas daqueles ditos "normais" as capas estavam lotadas de fotos, imagens e vários cadernos especiais. A crítica é a mesma todos os anos, o país não investe no esporte, mas o investimento que é menor aos para-atletas é bem utilizado porque eles estão se transformando em ouro, enquanto os milhões investidos nos hiper-atletas transformaram-se no máximo em bronze.
Engraçado, se o anormal é noticia e se atletas portadores de deficiência estão dando um show do outro lado do mundo, mesmo sem investimento, porque isso não é noticiado? Porque o preconceito existe, da parte do leitor que não está afim de ver o que não o conforta, nem de acompanhar o esforço daqueles que vencem o dobro de barreiras para estarem onde estão. Não é bonito, não é legal comentar dos atletas "não-oficiais" do Brasil e do mundo.
O rostinho bonito digno de páginas de jornais se chama Phelps, um estrangeiro, quando deveria ser Daniel Dias. No fim das contas é que o brasileiro deve gostar de sofrer e ir atrás daqueles que te maltratam, que ficam no quase, enquanto atletas espetaculares estão no canto das notícias e sendo tratados como se tivessem fazendo um grande favor para um país deficiente de ouro e riquíssimo de talentos na Paraolimpíadas.


Meios de Comunicação Avaliados

Jornais
Nos dois jornais analisados, o Globo e O Estado de São Paulo, as matérias são pequenas e enxutas. Em uma mesma reportagem, são citados vários esportes. As fotos, porém, são marcantes. No Globo, o momento da vitória nos 100 m borboleta de André Brasil. No Estadão, o momento de André, competindo na prova.
Na matéria do jornal O Globo, “Nadador André Brasil conquista ouro e bate seu próprio recorde mundial” são dedicadas 36 linhas para o medalhista olímpico. O restante da matéria, mais 52 linhas, é dedicado a 10 outros atletas. Já na do Estadão, “Dois Ouros e um Bronze”, o foco maior é para os dois atletas que conquistaram a medalha de ouro, André Brasil e Daniel Dias. A reportagem fala, basicamente, dos dois campeões. E apenas cita outros esportes.
Agora, pergunto: se a matéria fosse sobre os nossos atletas que competiram nas olimpíadas, não haveria um caderno separando cada um dos esportes? Se duvidar, falando da vida, desde a infância, de cada um dos atletas, como Ronaldinho Gaúcho, ou Kaká.
O que é engraçado é que os atletas são paraolímpicos e na primeira semana de olimpíadas são quase mais medalhas do que as conquistadas na olimpíada de atletas sem nenhuma deficiência física. Não quero dizer que nossos atletas são incapazes, mas pegar metade de uma folha de jornal e dar destaque para 11 atletas, é de menos!
Nossa capacidade é muita, tanto nos atletas paraolímpicos, como nos que não são. Porém, parece faltar um pouco mais de empenho dos nossos profissionais do esporte e dos nossos profissionais de imprensa. É preciso dar mais valor aos atletas, sejam eles quem forem.

Rádios

A matéria "Mais duas medalhas de ouro para o Brasil", do jornalista Marco Antônio Reis, da Rádio Senado foi gravada ao vivo no dia nove de setembro. Ela está bem completa. Além de dar a notícia que faz parte do lead, o jornalista responde dúvidas dos ouvintes.
Um exemplo disso é quando cita a curiosidade que as pessoas têm em saber como funciona a classificação dos atletas com deficiência, que ele explica detalhadamente. Quando ele responde a outra dúvida, de por que o Brasil sempre tem bons resultados nas paraolimpíadas e não nas olimpíadas entra no quesito político, citando a legislação que trata do deficiente de forma engajada, mas o repórter deixa a desejar com o excesso de comentários, o que é comum nas matérias de esporte.
Na matéria da CBN, "Brasil conquista mais 10 medalhas nas Paraolimpíadas em Pequim", também do dia nove, apenas dá a notícia, sem que haja comentários, além de ouvir os atletas ganhadores, o que passa mais emoção e a sensação de proximidade com o evento, apesar de ser uma matéria gravada. O conteúdo das duas matérias está bacana, se comparado com os dos outros meios de comunicação encontrados bem menos superficial.


Jornais Televisivos

O Jornal Nacional exibiu notícias das paraolimpíadas nos dias 8, 10 e 11 de setembro porque o Brasil ganhou medalhas de ouro. As matérias são muito menores do que as das olimpíadas. O jornal da Record transmitiu às 20h dos dias 08, 09 10 e 11. Apesar de o Jornal Nacional transmitir menos notas do que a das olimpíadas “normais”, a cobertura foi melhor do que a do Jornal da Record. No entanto, o Jornal da Record transmitiu todos os dias, pelo menos uma nota sobre as paraolimpíadas no período analisado.
O César Cielo, atleta olímpico, ganhou medalha de ouro nas olimpíadas e a imprensa fez um escândalo, apareceu em todos os veículos de comunicação com muito destaque, enquanto que o ganhador paraolímpico, Daniel Dias, ganhou medalha de ouro também na natação e ganhou um mero ‘parabéns’ sem comparações com Cielo. Enquanto nas olimpíadas, independente do esporte, se algum brasileiro chegasse perto do podium, era reportado nos jornais. Nas paraolimpíadas, muitos brasileiros ganharam medalhas e foram reportados como esportes que ganharam a medalha, e só. Sem a devida atenção que mereceriam.
Percebe-se que ainda existe muito preconceito com os deficientes brasileiros. Ambos os jornais reportaram as paraolimpíadas, o da Record mais que o da globo, mais o que pode se perceber é que as paraolimpíadas não dão tanta audiência quanto as olimpíadas “normais” e por isso merece menos espaço e atenção nos espaços dos jornais.
Grupo: Anna Karla, Caroline Figueira, Eugifran e Uyara Kamayurá

Eleições x Mídia - façam suas apostas

Eleições americanas são sempre uma boa razão para falar mal dos Estados Unidos. Desta vez entretanto, a disputa está entre os veículos de comunicação. Round 1: CBN Brasil x Band News FM. De um lado do ringue, Band News representa os pesos pena. Com notas curtas e pouca informação, não parece adversário a altura da cobertura completa da CBN Brasil. A representante dos pesos pesados, preocupou-se em apresentar matérias completas, com opiniões de especialistas. Quase diariamente, a rádio recebeu auxílio técnico de colunistas como Arnaldo Jabor e André Trigueiro.
A cobertura dos telejornais, por outro lado, pareceu mais um carteado de comadres. De feijãozinho em feijãozinho, o Jornal da Record saiu na frente com a cobertura. Celso Freitas e Adriana Araújo apresentaram três matérias sobre o tema ao longo da semana. Durante o telejornal, uma matéria sobre a crise econômica no país foi gancho para comentários sobre as eleições.
Na quarta-feira, uma matéria sobre a vice de McCain, fo(fo)cava nos óculos de Sarah Palin. Desde o começo da campanha, o modelo quadruplicou em vendas. Até o Jornal da Globo, que incrivelmente não soltou nenhuma matéria sobre as eleições americanas, deu atenção à queridinha de McCain. A única chamada sobre o tema foi uma charge sobre a escolha da governadora do Alaska como vice.
Para os veículos impressos, Correio Braziliense x Jornal de Brasília. Ambos comentaram poucas vezes assuntos relacionados com as eleições. Mais ocupados com as preocupações de sempre, Evo Morales e Hugo Chávez ofuscaram Obama e McCain. Com o resto de brilho que sobrou, os candidatos ainda fizeram render os ataques do Washington Post à Sarah Palin. Apesar da aparente vitória que a candidata teria nas urnas, Obama é o queridinho no resto do mundo. Uma pesquisa em 22 países teria apontado o candidato com 49% de apoio.
Para quem não acompanhou a evolução da campanha, a Folha online conta com um histórico invejável de publicações, perfis, rumores, intenções de voto, históricos, opiniões sobre os candidatos, tudo. Quando você já estiver cansado de ler, desça mais um pouquinho e ache um “leia mais”. Poucos elementos visuais, mas sempre atualizada com notícias em formatos menores e informações precisas.
Como o duelo é de titãs, o G1, portal online da Globo, faz das eleições um novo Big Brother. Embora o caminho seja mais longo para ter acesso às informações - diferente da Folha que linka direto da home -, o investimento vale a pena. Você procura na home. Clica em Mundo. Clica em Cobertura completa das eleições americanas blábláblá. Clica ali. Mais ali. Quase desiste e... achou. Eis o verdadeiro oásis das eleições nos EUA. Os números mais recentes, a disputa nos estados, imagens antigas dos candidatos – Obama como um dos Jacksons Five e McCain um partidão hollywoodiano -, a trajetória dos candidatos, vídeos, fofocas, tudo. Um passo a passo completo, e cada pegada com sua respectiva foto. Isso é a Globo.

Ana Cândida Pena
Caroline Morais
Fabíola Souza
Letícia Menezes
Luana Carvalho
Morena Mascarenhas

Reféns do descaso

Após uma semana turbulenta no Centro de Atendimento Juvenil Especializado (Caje), a repercussão sobre o assunto ainda esquentava os meios de comunicação. Não só pelo fato do ocorrido estar presente na comunidade brasiliense, mas porque algumas dúvidas e investigações sobre o assunto foram surgindo. A seqüencia de acontecimentos violentos no Caje começou no dia 2 de agosto. Na ocasião o jovem, André Luiz Alcântara de Souza, de 16 anos, foi enforcado pelos colegas de cela. Daí em diante, funcionários da instituição se afastaram do trabalho, alguns internos se rebelaram ateando fogo nos colchões e fazendo outros menores de reféns.
O principal jornal da capital, o Correio Braziliense, fez – e continua fazendo – uma boa cobertura em relação ao caso. Mostra que mesmo com a situação aparentemente tranqüila no Caje, do lado de fora o circo está pegando fogo. Além dos questionamentos em relação a gestão do local e superlotação das celas, outro problema ainda maior surgiu. Um dos internos foi levado ao hospital de base com um ferimento na perna. A princípio, a notícia que corria era a lesão ocorreu por conta de um chute na porta que o jovem teria dado. Porém, no hospital foi constatado um ferimento à bala. A Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania investiga o caso.
Diferente do Correio, o Jornal de Brasília – segundo maior jornal da cidade – não deu tanta importância aos acontecimentos conseqüentes. Enquanto o Correio divulgava constantemente notícias sobre o caso no impresso e no site, o Jornal de Brasília se mostrou relapso. Em uma semana, publicou apenas três matérias sobre o assunto. Os leitores do Correio tiveram a oportunidade de expor suas opiniões tanto na coluna Sr. Redator, quanto na página da internet, coisa que não aconteceu com o outro veículo.
Na televisão o assunto deu margem a bastante discussão. O DFTV levou sua equipe para o local, deu espaço para os gestores e as autoridades se posicionarem sobre a crise da instituição e questionou quais providências seriam tomadas. O telejornal ainda deixou acessível na internet o VT da matéria e o texto escrito com espaço para comentários dos internautas. Já o DF Record não utilizou nenhuma ferramenta da Web, dificultando a busca de informações sobre o caso Caje.
Durante a programação de notícias nas rádios Band News e CBN que ouvimos não identificamos nada que envolvesse o Caje. Ao recorrermos a internet, encontramos no arquivo uma nota feita em 2003 sobre uma outra rebelião no local. Prova de que o problema não é recente e continua sem solução.
Por Camila Denes, Luiza Andrade e Vítor de Moraes

Comportamento ou espetacularização do entretenimento?

Embora a editoria de comportamento não seja um caderno fixo, na maioria dos veículos de comunicação, os assuntos pertencentes a ela podem ser expressos em diversos cadernos e segmentos dos meios midiáticos. A cobertura está quase sempre, vinculada aos temas de saúde, sociedade, entretenimento, lazer, turismo, entre outros.

Não há uma padronização ou um agendamento do “assunto do momento” por parte dos principais veículos de comunicação do país. Verifica-se que cada um, de acordo com a linha editorial, relaciona questões leves, de caráter comportamental, aos temas mais densos e delicados tratados no veículo.

Não há, com isso, a preocupação de que tais assuntos se relacionem com a discussão pública que é instaurada pelos meios de comunicação sobre determinada temática.

Observa-se, que a cobertura dada pela mídia não é igual. A imprensa brasileira detém cada vez mais a presença de gatekeepers, que atuam na filtragem das informações tidas como “relevantes”. Atualmente, o que poderia ser considerado um assunto comportamental passa a ser abordado como uma questão de entretenimento. Revistas, jornais, programas de televisão e de rádio passam a registrar assuntos vinculados às pessoas públicas, tidas como celebridades. O termo “Paparazzi” passa a ser do conhecimento popular porque é, sempre, relacionado à perseguição de celebridades com o fito de obter alguma informação e/ou imagem inédita. Nessa perspectiva, a abordagem passa a ocupar um espaço de relevante impacto nos meios de comunicação que perdem o viés informativo e passa a transmitir questões de entretenimento.

Na última semana, um dos destaques de jornais, principalmente on-line, foi a premiação da cantora norte-americana Britney Spears. Ela foi uma das apresentadoras da 25ª edição do MTV Vídeo Music Awards (VMA), maior premiação de videoclipes realizado pela rede de TV nos Estados Unidos. Britney foi campeã nas categorias Clipe do Ano, Clipe de Cantora e Clipe Pop. A cantora é um dos exemplos de como o comportamental acaba virando entretenimento com a invasão da privacidade de celebridades. Durante o ano de 2007, a cantora foi extremamente criticada pela “imprensa”. As criticas, todavia, não eram acerca de assuntos tidos como de interesse público e, sim o fato da artista estar acima do peso e por viver conjugais e familiares. A exposição da norte-americana foi tão grande, que nas notícias da premiação do VMA deste ano, como no OGlobo On-line e no site G1, ela foi titulada como uma estrela, mas que não apresentou nada além das expectativas.
Perde-se, com isso, em se tratando dos assuntos comportamentais, a lógica da mídia que é o cumprimento da função social: representar de forma jornalística a reconstrução da realidade, por meio da seleção de aspectos a serem destacados, silenciados, traduzidos, entre outros. Nessa perspectiva, a espetacularização de ações do cotidiano, pelo simples de fato de serem praticadas por pessoas públicas, principalmente do meio artístico, tende a ocupar um espaço cada vez maior nos veículos de comunicação. O princípio, nesse caso é “entreter para vender mais", e, não informar para que a sociedade seja senhora de si.

Camila Costa, Jacqueline Silva, Layla Fuezi, Natália Pereira, Tamara Almeida, Samuel Júnior