sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Reféns do descaso

Após uma semana turbulenta no Centro de Atendimento Juvenil Especializado (Caje), a repercussão sobre o assunto ainda esquentava os meios de comunicação. Não só pelo fato do ocorrido estar presente na comunidade brasiliense, mas porque algumas dúvidas e investigações sobre o assunto foram surgindo. A seqüencia de acontecimentos violentos no Caje começou no dia 2 de agosto. Na ocasião o jovem, André Luiz Alcântara de Souza, de 16 anos, foi enforcado pelos colegas de cela. Daí em diante, funcionários da instituição se afastaram do trabalho, alguns internos se rebelaram ateando fogo nos colchões e fazendo outros menores de reféns.
O principal jornal da capital, o Correio Braziliense, fez – e continua fazendo – uma boa cobertura em relação ao caso. Mostra que mesmo com a situação aparentemente tranqüila no Caje, do lado de fora o circo está pegando fogo. Além dos questionamentos em relação a gestão do local e superlotação das celas, outro problema ainda maior surgiu. Um dos internos foi levado ao hospital de base com um ferimento na perna. A princípio, a notícia que corria era a lesão ocorreu por conta de um chute na porta que o jovem teria dado. Porém, no hospital foi constatado um ferimento à bala. A Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania investiga o caso.
Diferente do Correio, o Jornal de Brasília – segundo maior jornal da cidade – não deu tanta importância aos acontecimentos conseqüentes. Enquanto o Correio divulgava constantemente notícias sobre o caso no impresso e no site, o Jornal de Brasília se mostrou relapso. Em uma semana, publicou apenas três matérias sobre o assunto. Os leitores do Correio tiveram a oportunidade de expor suas opiniões tanto na coluna Sr. Redator, quanto na página da internet, coisa que não aconteceu com o outro veículo.
Na televisão o assunto deu margem a bastante discussão. O DFTV levou sua equipe para o local, deu espaço para os gestores e as autoridades se posicionarem sobre a crise da instituição e questionou quais providências seriam tomadas. O telejornal ainda deixou acessível na internet o VT da matéria e o texto escrito com espaço para comentários dos internautas. Já o DF Record não utilizou nenhuma ferramenta da Web, dificultando a busca de informações sobre o caso Caje.
Durante a programação de notícias nas rádios Band News e CBN que ouvimos não identificamos nada que envolvesse o Caje. Ao recorrermos a internet, encontramos no arquivo uma nota feita em 2003 sobre uma outra rebelião no local. Prova de que o problema não é recente e continua sem solução.
Por Camila Denes, Luiza Andrade e Vítor de Moraes

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