sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Comportamento ou espetacularização do entretenimento?

Embora a editoria de comportamento não seja um caderno fixo, na maioria dos veículos de comunicação, os assuntos pertencentes a ela podem ser expressos em diversos cadernos e segmentos dos meios midiáticos. A cobertura está quase sempre, vinculada aos temas de saúde, sociedade, entretenimento, lazer, turismo, entre outros.

Não há uma padronização ou um agendamento do “assunto do momento” por parte dos principais veículos de comunicação do país. Verifica-se que cada um, de acordo com a linha editorial, relaciona questões leves, de caráter comportamental, aos temas mais densos e delicados tratados no veículo.

Não há, com isso, a preocupação de que tais assuntos se relacionem com a discussão pública que é instaurada pelos meios de comunicação sobre determinada temática.

Observa-se, que a cobertura dada pela mídia não é igual. A imprensa brasileira detém cada vez mais a presença de gatekeepers, que atuam na filtragem das informações tidas como “relevantes”. Atualmente, o que poderia ser considerado um assunto comportamental passa a ser abordado como uma questão de entretenimento. Revistas, jornais, programas de televisão e de rádio passam a registrar assuntos vinculados às pessoas públicas, tidas como celebridades. O termo “Paparazzi” passa a ser do conhecimento popular porque é, sempre, relacionado à perseguição de celebridades com o fito de obter alguma informação e/ou imagem inédita. Nessa perspectiva, a abordagem passa a ocupar um espaço de relevante impacto nos meios de comunicação que perdem o viés informativo e passa a transmitir questões de entretenimento.

Na última semana, um dos destaques de jornais, principalmente on-line, foi a premiação da cantora norte-americana Britney Spears. Ela foi uma das apresentadoras da 25ª edição do MTV Vídeo Music Awards (VMA), maior premiação de videoclipes realizado pela rede de TV nos Estados Unidos. Britney foi campeã nas categorias Clipe do Ano, Clipe de Cantora e Clipe Pop. A cantora é um dos exemplos de como o comportamental acaba virando entretenimento com a invasão da privacidade de celebridades. Durante o ano de 2007, a cantora foi extremamente criticada pela “imprensa”. As criticas, todavia, não eram acerca de assuntos tidos como de interesse público e, sim o fato da artista estar acima do peso e por viver conjugais e familiares. A exposição da norte-americana foi tão grande, que nas notícias da premiação do VMA deste ano, como no OGlobo On-line e no site G1, ela foi titulada como uma estrela, mas que não apresentou nada além das expectativas.
Perde-se, com isso, em se tratando dos assuntos comportamentais, a lógica da mídia que é o cumprimento da função social: representar de forma jornalística a reconstrução da realidade, por meio da seleção de aspectos a serem destacados, silenciados, traduzidos, entre outros. Nessa perspectiva, a espetacularização de ações do cotidiano, pelo simples de fato de serem praticadas por pessoas públicas, principalmente do meio artístico, tende a ocupar um espaço cada vez maior nos veículos de comunicação. O princípio, nesse caso é “entreter para vender mais", e, não informar para que a sociedade seja senhora de si.

Camila Costa, Jacqueline Silva, Layla Fuezi, Natália Pereira, Tamara Almeida, Samuel Júnior

Um comentário:

Anônimo disse...

Brilhante texto! Mostra o quanto a mídia, de forma geral, está equivocada. O que nos importa saber quem colocou silicone, enquanto nossos governantes fazem o que fazem?