Recesso branco no Congresso. Em decorrência do período eleitoral nos municípios brasileiros, os parlamentares têm se beneficiado do direito a “licença” para irem aos estados de origem prestar apoio aos aliados nas campanhas. Com essa saída estratégica os suplentes estão garantindo seus dias de fama. Está aberta a temporada de caça às benesses que o poder legislativo oferece.
A notícia da semana foi a posse da segunda suplente do senador Fernando Collor, que saiu de licença, por 90 dias, para apoiar a campanha de familiares em Alagoas. Com esta saída, o número de suplentes aumentou: mais de 20% dos 81 senadores eleitos.
A agência de notícias do Jornal Estadão publicou matéria sobre a posse de Ada Mello, a segunda suplente de Collor. No texto constam informações sobre a senadora que assumiu o cargo depois que o primeiro suplente, Euclydes Mello, também deixou o poder para auxiliar na campanha do município de Marechal Deodoro, no Estado de Alagoas. A matéria ainda cita informações sobre as intenções de Ada em lutar pelos “menos favorecidos”. O discurso de luta em prol dos oprimidos foi feito no plenário da casa, na última segunda–feira, dia 15 de setembro. A matéria ainda cita a proposta de emenda constitucional sobre o caso de suplência de senadores, que ainda está em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça daquela casa.
O site G1 também noticiou esse caso. No entanto, as duas matérias são similares a da Agência Estado. Somente são acrescidos dados sobre outros senadores que deixaram seus cargos para suplentes este ano.
Tanto a rádio Band News quanto a CBN não noticiaram o caso. Em relação aos veículos televisivos, fora a TV Senado, que fez a transmissão ao vivo da posse da Ada Mello, não houve ocorrência sobre o assunto.
Uma questão como essa não pode ser deixada de lado. A população, que é quem elege os parlamentares, deveria ser melhor informada sobre o assunto. Ao contrário, a informação ficou restrita à internet. Com um sistema de comunicação tão diversificado como o atual é inconcebível que um assunto dessa magnitude fique refém a apenas um instrumento de informação. A internet ainda não é acessível a toda a sociedade. Acrescente-se a isto o fato de a população não possuir conhecimento apurado acerca do processo de suplência na política brasileira. Muitas vezes nem se sabe quem é o suplente do político eleito. Isso mostra que o Brasil ainda está longe de ser democrático de fato.
Ninguém compra um produto sem saber se um outro, muitas vezes de pior qualidade, pode substituir o principal. Porque, então, na política tem que ser assim? Nessa perspectiva os veículos de comunicação, muitas vezes, são complacentes. A mídia deve, ou pelo menos deveria, honrar o acordo tácito firmado com a sociedade: divulgar todas as informações necessárias à formação de opinião para que a população possa tomar decisões.
Ainda estamos longe disso.
Camila Costa, Jaqueline Silva, Layla Fuez, Natália Pereira, Tamara Almeida, Samuel Júnior
terça-feira, 30 de setembro de 2008
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