sexta-feira, 12 de junho de 2009

CENÁRIO APONTA PARA NOVOS CORTES NA SELIC

Com mais um corte de 100 pontos na Selic, o Banco Central já reduziu a taxa básica de juros em 450 pontos neste ano. Nosso cenário básico prevê mais uma redução de 50 pontos em julho, totalizando um ciclo de 500 pontos e a manutenção da Selic em 8,75% até o final do ano. Frente ao ritmo lento da recuperação econômica, no entanto, parece razoável um corte mais expressivo em julho ou mais uma redução em setembro. O Banco Central, em sua decisão desta semana, além de optar pela manutenção do ritmo de cortes em 100 pontos por mais uma reunião, deixou bastante claro no comunicado divulgado pós-reunião que o ciclo de flexibilização da política monetária não está encerrado e que pretende promover novos cortes nos próximos meses, ainda que em menor ritmo. O mais importante, do nosso ponto de vista, para definir a magnitude do próximo corte deve ser o comportamento da atividade econômica, uma vez que acreditamos que a inflação deve apresentar comportamento favorável nos próximos meses. Daqui até a próxima reunião, especialmente, os sinais apontam para uma melhora da inflação corrente, com impactos positivos também sobre as expectativas. Nos índices de preços ao consumidor, o IPCA deve voltar ao patamar de 0,30% em junho, depois de dois meses pressionado pelos impactos dos reajustes de remédios, cigarros e salário mínimo. Nos índices de preços ao atacado, os IGP-s devem oscilar ao redor de 0,20%, beneficiados pelas reduções dos preços do óleo diesel e do minério de ferro. Sendo assim, o que deve ditar os próximos passos do Copom é o ritmo da recuperação econômica. Os primeiros indicadores para a produção industrial de maio não são muito animadores, sinalizando uma alta inferior a 1% na comparação mensal, mantendo o ritmo lento dos últimos meses. O desempenho muito negativo dos investimentos nos últimos meses também não é um bom sinal. Neste contexto, somente mais um corte de 50 pontos da Selic na reunião do Copom de julho, a princípio, parece pouco. Podemos ter tanto um corte mais expressivo em julho quanto uma nova redução em setembro.

Maristella AnsanelliFlávio Mendes

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