A elevação das alíquotas do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) para automóveis - que foram reduzidas no fim de 2008 para incentivar o consumo - deve ocorrer de forma gradual, segundo a proposta que está em análise no Ministério da Fazenda. Uma fonte do governo informou que no fim deste mês será anunciada a prorrogação do benefício por mais três meses, com alíquotas maiores do que as que vigoraram no primeiro semestre, mas inferiores às cobradas até o fim de 2008. O principal ponto de preocupação sobre a manutenção da redução do IPI é sobre as contas do governo, já que a arrecadação tributária está em queda.
A queda da arrecadação divulgada pelo governo de janeiro a maio foi de 6,9 %, se comparada com o mesmo período do ano anterior. Quase 20 bilhões de reais. Embora outros impostos também tenham arrecadado menos que o de costume, como o próprio Imposto de Renda, esse número nos dá uma pista de quanto o governo apóia a arrecadação em impostos abusivos, que atravancam a economia nacional.
A Rádio Band News FM falou somente na segunda-feira, dia 15 de junho, sobre o término da redução do IPI. Mas fez uma análise completa, ouvindo vários lados. O consultor André Beer, especialista na indústria automobilística, disse na rádio que concorda com o receio do presidente Lula em suspender a redução do imposto, pois poderia provocar uma queda entre 15 e 25% nas vendas de automóveis, além de várias demissões. O economista Marcelo Moura criticou o presidente, e disse que a mudança deveria ser feita de forma gradual, diluída e em um prazo maior de tempo. A rádio foi o mais imparcial possível, como, na teoria, deveria ser uma cobertura jornalística. Já a rádio CBN não trouxe nenhuma informação a respeito do IPI.
O jornal Correio Braziliense fez uma excelente cobertura. Abordou e explorou representantes de todos os lados envolvidos. Mostrou o lado do governo, dos comerciantes, dos consumidores, e as soluções, reclamações e justificativas para o fim da redução. A linguagem utilizada em todas as matérias foi clara e objetiva, e fez com que o leitor se sentisse confortável com um tema econômico, e de extrema influência na vida de todos os brasileiros.
A Folha de São Paulo também abordou todos os lados, mas foi além. Mostrou muito bem o lado dos comerciantes, da indústria e dos consumidores, quase todos os dias. Reclamações e dúvidas puderam ser sanadas com as matérias da Folha, que, assim como o Correio, deixou claro o que está acontecendo. Com o aquecimento na demanda por produtos da chamada linha branca (geladeira, fogões, máquinas de lavar, entre outros) por conta da redução do IPI, em meados de abril, algumas redes varejistas já se queixam de falta de itens, esse foi o principal ponto abordado esta semana.
A Rede Globo, embora pouco tenha tocado no assunto, entregou ao telespectador duas matérias completas, que mostram os dois aspectos principais da situação: a novela do prorroga-não-prorroga e a posição final do governo na quinta-feira. Quem assistiu ao Jornal Hoje de terça-feira poderia até nunca ter ouvido falar no imposto, e mesmo assim entenderia perfeitamente o cenário atual.
A BandNews TV também comentou um outro lado da questão: a queda nas vendas de carros usados. Parece meio óbvio que as vendas de carros novos tenham afetado a venda dos automóveis de segunda mão, mas é necessário, também, analisar se esse impulso na produção não vai acostumar mal a indústria – mais empolgada do que nunca –, e os compradores, que se endividaram em mais de R$ 145 bilhões, apenas em abril, um crescimento de 18,4 % em relação ao mesmo período do ano passado.
Em uma excelente descrição do Jornal da Globo, a matéria diz que uma compradora “veio comprar o carro dos sonhos, mas vai levar o que a concessionária tem”. Seria essa uma tática sensata da parte dos consumidores? Afinal, essa economia de 5% no preço final do veículo está valendo à pena?
Catarina Seligman, Kameni Kuhn e Roberta Machado
sexta-feira, 19 de junho de 2009
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