sexta-feira, 28 de novembro de 2008

As várias faces da cultura brasiliense

Brasília em meados da década de 80 era intitulada pelos nativos como a capital do rock. Mas, enganam-se os que pensam que esse título ficou no passado. Ainda hoje, algumas pessoas valem-se dessa afirmação para justificar seu gosto musical ou as coisas que simplesmente absorvem por osmose.

A quantidade de eventos culturais na capital pode não ser tão grande como é em São Paulo (capital) ou no Sul do país, mas é mais farta que em muitas cidades onde o acesso à cultura é algo eventual ou incomum. Em algumas localidades a cultura nasce de tradições familiares, pois muitos governantes não vêem nela algo em que se deva investir.

Brasília, ao contrário, oferece um leque de opção àqueles que estão acostumados a apreciar o convencional - independe do grupo ao qual pertença. Com o rock n’ roll não poderia ser diferente. O convencional também se destaca. Movimentos como o underground caem no sentido estrito-literal e acabam como outros setores marginalizados da música. Essa é a conclusão dos poucos expectadores e amantes do rock não-convencional, ou melhor, daquele que não faz parte e não tem lugar no cenário “arroz com feijão”.

Em 10 de março de 2003, o Correio Braziliense fez uma matéria sobre o Conic, um dos pontos do Distrito Federal onde se pode comprar cultura alternativa, como discos, blusas e até ingressos para um show de rock. A matéria chamou a atenção do leitor para a freqüencia de 1.5 mil pessoas diariamente no local - o que definitivamente não é um número muito expressivo para a capital do rock. Em contrapartida, a mesma publicação divulgou depoimentos de pessoas que confirmaram a dificuldade de donos de lojas em se manterem.

No Conic, ainda hoje, há opções para os apreciadores das diversas derivações do rock n’ roll. Além da venda de artigos diversos, existe uma casa de show na localidade. Mas, fato é que, pode-se contar nos dedos de uma mão a quantidade de casas de shows que oferecem a mesma proposta aos jovens do Planalto Central. As poucas que existem, porém, - seguindo a lógica de serem poucas - têm liberdade para taxar nas alturas o preço dos espetáculos que oferecem.

Por meio desse apanhado sobre a falta de oferta aliada aos altos preços, cai-se naquela velha discussão sobre gosto burguês. Isto é, aquele que se sustenta unicamente com dinheiro. Mas a pergunta que fica é: sem dinheiro, não há gosto para esses poucos apreciadores?

É necessário coragem para investir em algo diferenciado. É necessário dinheiro para sustentar uma plataforma sem o mínimo de garantia de sucesso. Isso pode, muito bem, ser a saída de donos, produtores de eventos e afins justificarem os altos preços dos ingressos. Mas, definitivamente, não é a melhor maneira de se investir em cultura. Porque cultura é algo amplo, seja lá qual for o gosto do expectador.

Guilherme Araújo, Mariana Laboissiere

2 comentários:

Mah! disse...

adorei o seu post, estou fazendo uma pesquisa sobre a cultura de brasilia para lançar em um projeto de arquiteura de minha universidade um conceito de museu, quero enfatizar no meu projeto a acessibilidade. Tambem concordo que aqui na cidade a maioria das formas de lazer são caras.

Mah! disse...
Este comentário foi removido pelo autor.