sexta-feira, 23 de maio de 2008

Shownarlismo

Bianka de Sousa, Alan da Silva, Aline Hanriot e Victor Cabral

Brasil

O caso Isabela Nardoni ainda está dando o que falar. Esteve em destaque esta semana nos principais meios de comunicação.
No domingo o Fantástico exibiu uma entrevista exclusiva com a mãe de Isabela. Uma entrevista forte e dramática que ocupou grande parte do programa. Nela mostra o desabafo de Ana Carolina de Oliveira, mãe da menina, e o que pensa sobre o envolvimento do pai e da madrasta.
No dia seguinte o Jornal Nacional exibiu momentos da mesma entrevista e lembrou que a decisão sobre o pedido de habeas corpus do casal sai na terça-feira.
Em contra ponto o pai de Alexandre Nardoni comentou no site G1, portal de notícia da rede Globo, a entrevista de Ana Carolina e a desmentiu em vários pontos. Disse que pretende estudar com os advogados uma saída para que a mãe da menina não deponha como testemunha de acusação no julgamento.
O jornal matinal da Record, Hoje em Dia, exibiu uma extensa entrevista com o pai de Anna Carolina Jatobá. O pai da acusada diz que a filha é inocente e se não fosse, ele não faria nada para protegê-la. O jornal mostra também o advogado de uma moradora do prédio que afirma ter visto demonstrações de ciúmes de Anna Jatobá em relação à Isabela. Tudo foi negado pelo pai da acusada.
O jornal Folha de São Paulo publicou uma reportagem que informa medidas aprovadas pela Câmara dos deputados que provavelmente deve acelerar o julgamento no caso Isabela.
O pacote de segurança é mais rígido e estabelece mudanças no código penal. Entre as propostas, há uma que extingue o segundo julgamento àqueles que pegarem mais de 20 anos de punição. A Folha de São Paulo inovou ao trazer a notícia do pacote de segurança aprovado pela Câmara e não simplesmente falar do crime e revivê-lo.
Os meios de comunicação já julgaram o caso Isabela logo no início do fato. Embora a proposta louvável do programa Hoje em Dia mostrar uma entrevista com o pai de Anna Carolina Jatobá dando espaço para a parte dos acusados falarem, os outros já encaminham as reportagens para acusação e condenação.
E não deixa de ser chocante a entrevista com a mãe de Isabela mostrando todo o sofrimento de uma mãe que teve a filha brutalmente assassinada.

O cotidiano do Brasil

Saber ao certo quais são as preocupações na rotina dos cidadãos neste País é complicado. Muitos se preocupam com a alimentação, outros com as contas a pagar no fim do mês e alguns se sairão de casa e voltarão com saúde (vivos).

Nas últimas semanas, o Brasil tem assistido, lido e se emocionado com o caso da menina Isabella, morta após ser jogada do sexto andar do edifício London. O pai da menina e a madrasta, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, são os principais suspeitos.

Neste meio tempo, entre coberturas bem feitas e abordagens maldosas ou de puro mau gosto, percebemos que um veículo de comunicação, o jornal Folha de São Paulo, acredita ou pelo menos faz pensar que o cotidiano do Brasil é este, crianças sendo jogadas de suas casas ou violentadas por seus Pais.

Por que pensamos assim? Bom, creio que a pergunta é: Porque casos como este saem na editoria de cotidiano em jornais de renome como este, acreditando-se que isto faça parte da realidade do Brasil?

Na verdade, pesquisas revelam que 18 mil crianças são vítimas de violência doméstica por dia no País. Mas será mesmo que este caso deveria ocupar esta editoria, cotidiano? Ou será que os jornalistas, haja visto a freqüência com que estes crimes bárbaros contra as crianças acontecem, deveriam criar uma editoria exclusiva para isto?

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