sexta-feira, 23 de maio de 2008

Toga e flecha

Por Filipe Coutinho e Juliana Boechat

Brasil –

Provavelmente, pela primeira vez na curta história do estado, Roraima foi um dos destaques dos cadernos nacionais dos principais jornais. O foco das matérias divide-se entre a violência do conflito eminente e os impasses entre governo, exército e Justiça. Sem dúvidas, a permanência dos conflitos indígenas no noticiário se dá muito mais pela questão política.

Na última semana, por exemplo, a grande matéria foi a visita surpresa de ministros do STF à Raposa/Serra do Sol. A reportagem, porém, é superficial e revela que a tentativa é manter a questão atual, mesmo que o conteúdo seja raso.


A matéria do jornal carioca O Globo não traz nenhum comentário dos ministros a respeito da visita. Parece que o mais importante da notícia foi a estranheza dos magistrados. “- Eles ficaram lá por cerca de 30 minutos. Em nenhum momento falaram sobre a homologação. Na conversa com os indígenas, os ministros demonstraram interesse em conhecer o modo de vida deles e as condições de saúde e educação na comunidade - contou o coronel Edney de Souza, piloto do jato da Força Aérea Brasileira (FAB).

Com a mesma superficialidade, a Folha de São Paulo também não trouxe a opinião dos ministros. O lide revela que o mais importante foi a visita, independente dos desdobramentos do ocorrido. “Três ministros do Supremo Tribunal Federal, incluindo o presidente do tribunal, Gilmar Mendes, sobrevoaram ontem, por cerca de duas horas, a terra indígena Raposa/Serra do Sol, no nordeste de Roraima.”

As duas matérias também mostram a mesmice ou “coincidência” das apurações praticadas pelos principais jornais. Os repórteres, que passaram o dia inteiro em Roraima, conseguiram apenas detalhes sobre quanto tempo durou a visita e o nome do avião. De concreto, apenas o comentário do líder indígena Gelson Ingaricó. O Globo foi extremamente infeliz na escolha da aspa. O conteúdo foi pobre e pouco produtivo.
- Espero apenas que eles tenham observado e entendam que os índios precisam dessa terra para desenvolver sua cultura e viver em paz.

Folha foi melhor. “O povo ingaricó já faz sua própria vigilância nas fronteiras, não precisa de pelotão do Exército”.

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