Um escândalo atrás do outro. Este parece ser o lema do Congresso Nacional. Tanto a Câmara quanto o Senado estampam capas de revistas e manchetes de jornais. Semana após semana. Os assuntos são quase sempre os mesmos: corrupção, propina, irregularidade. A onda de denúncias parece não ter fim. Os parlamentares ora estão na artilharia, ora viram alvos dos seus opositores. Neste último caso, os inimigos vão além dos gabinetes, passam pela mídia e podem terminar na opinião pública. Por isso é preciso muita rapidez para negar, articular e sair dos holofotes.
Mas alguns protagonistas não se preocupam muito com este tipo de exibição. É o caso do senador Efraim Morais, do Democratas da Paraíba. Nos últimos anos, o parlamentar subiu inúmeras vezes à tribuna do Senado, não para defender o povo que o elegeu ou para sugerir melhorias para o país. O discurso do paraibano é para proteger o mandato. Os temas variam. Explicações sobre irregularidade em contratos do Senado, nepotismo, uso de automóveis oficiais por familiares, entre outras. Agora o roteiro da vez chama-se “funcionários fantasmas”.
Efraim Morais é acusado de ter contratado 52 servidores para o Senado na época em que era primeiro-secretário. Até aí tudo bem. O problema é que estes funcionários não exerciam funções internas no Congresso, eles trabalhavam como cabos eleitorais na Paraíba. O prejuízo aos cofres públicos só em salários ficou em torno de R$ 6,7 milhões. Esta revelação que trouxe o senador de volta ao estrelato foi feita pela Veja, na edição do dia 20 de maio.
Veículos de grande alcance como rádio e TV repercutiram as informações da revista, mas a cobertura não foi além de um resumo. Faltaram explicações sobre a vida do personagem. Quem é Efraim Morais? Quais os cargos que já ocupou? O que ele já fez para o seu estado, para o país? Quais os projetos apresentados? O mesmo ocorreu com os impressos. O Globo e Folha de São Paulo, por exemplo, nem ao menos fizeram um histórico das denúncias que pesam na carreira do senador. Há menos de um ano ele escapou de um processo de cassação por manter relações com lobista investigado pela Polícia Federal.
A exceção foi o Correio Braziliense que além de rememorar o passado, trouxe novas denúncias. O jornal mostrou que a tribuna do Senado não é o único palco usado pelo democrata para se defender. Ele também tem que se explicar na Justiça Federal paraibana, onde é acusado de invadir terras públicas. O parlamentar construiu parte da mansão da família numa área da União, em João Pessoa. Parte do imóvel, que vale em torno de R$ 1,5 milhão, foi construído em terras da Marinha.
Sem a atuação da mídia, dificilmente a população tomaria conhecimento desses fatos. Mas é preciso mais contextualização e análise no que é noticiado. A visibilidade, principalmente em casos em que a honestidade está sendo posta à prova, é fundamental para a democracia. O povo precisa saber como o dinheiro dos impostos está sendo gasto, com que tipo de atividade os políticos estão envolvidos, quais os interesses, as causas defendidas pelos seus representantes. A consciência ao votar depende disso.
Andrea Ribeiro, Luciana Magarão e Valquiria Lima
sexta-feira, 29 de maio de 2009
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