O vírus Influenza A (H1N1) tem pautado as editorias internacionais dos diversos veículos de comunicação brasileiros ao longo das duas últimas semanas. Infográficos alarmantes, atualização constante do número de infectados e de casos suspeitos, intrépidas equipes se aventurando nas zonas de risco, sátiras e comparações esdrúxulas com palmeirenses e seguidores de Miriam Leitão, dicas de prevenção, comparativos com pandemias anteriores que assolaram a humanidade. Com esse significativo aporte midiático, os principais telejornais, jornais impressos e emissoras de rádio realizam a cobertura da temida gripe Suína.
O fato reúne todos os ingredientes para uma cobertura em massa, configurando, assim, a tão polêmica disfunção narcotizante. Por dispor de amplitude, caráter inesperado e clareza, tal acontecimento configura a grande sacada de agendamento da mídia no mês. Portanto, valendo-se dos conceitos de valor notícia – critérios de noticiabilidade que determinam a importância de algum fato ou acontecimento –, os meios de comunicação destinaram grande espaço à suposta pandemia. As editorias internacionais foram dominadas pelo tema, até por uma falta de acontecimentos que se enquadrem aos critérios mencionados.
A visita do Papa a Síria, o tumultuado divórcio do primeiro ministro italiano, Silvio Berlusconi, e o cancelamento da viagem de Ahmadinejad ao Brasil não passam de curtas linhas ou de segundos escassos, quando existe a supra-temida gripe suína, Influenza A, gripe mexicana, ou seja lá o nome que se pretender dar à moléstia.
O Jornal Nacional, da TV Globo, e o Jornal da Record deslocaram elevado número de profissionais para acompanharem as movimentações de passageiros nos aeroportos brasileiros, bem como presenciarem, in loco, os desdobramentos do vírus. A rede Record, inclusive, se proclamou como a primeira emissora da América Latina a enviar uma equipe especificamente para cobrir a situação no México. Foi a primeira, também, a se referir à doença como Gripe A, termo recém-saído do forno da Organização Mundial da Saúde (OMS). Após o afã inicial, causado pelo impacto do fato, ao longo desta semana, os veículos reduziram o espaço do tema na programação e se restringiram a noticiar os novos casos e apresentar os pareceres dos órgãos e especialistas competentes.
No campo radiofônico, a BandNews, por se tratar de um veículo cujo noticiário se dá de forma mais ágil e dinâmica, valorizou a questão do factual, que, de maneira geral, deu o tom das reportagens. A emissora ressaltou a atualização dos números referentes à doença, destacando os novos casos que, rapidamente, surgiam em diversos países, além dos comentaristas de renome que despenderam preciosos minutos para discorrer sobre a pauta. A CBN, por sua vez, destacou-se pelas reportagens mais aprofundadas, nas quais, normalmente, a opinião de um especialista era consultada.
O maior alarde foi observado nos jornais impressos. A Folha de São de Paulo e o Correio Braziliense abusaram dos infográficos e das fotos impactantes para noticiarem os desdobramentos do vírus no exterior. Imagens de freiras mexicanas com máscaras de proteção e de crianças neozelandesas temerosas com a gripe permearam as páginas destes e de outros diários brasileiros. Mesmo após a constatação de que a epidemia não se equipararia à gripe Espanhola, de 1918, que causou a morte de milhões de pessoas, os impressos insistem em adotarem o tom de alarme.
Diego Gomes, Gerson Marlon, Guilherme Fontes e Wiliam Amorim
sexta-feira, 8 de maio de 2009
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