Como podemos fazer o povo se interessar mais pela cultura se a mídia fala pouco sobre o assunto? Nossos jornais até dão algum espaço para shows internacionais, peças e filmes com atores “globais”. Praticamente só isso. O bombardeio maçante de notícias “bizarras”, exageradas e às vezes, até abusivas para a paciência do povo brasileiro, interessam mais. “O circo e pão” existe entre os políticos. E a imprensa, sempre tão correta e justiceira, mais uma vez peca por olhar apenas para o próprio umbigo.
Nas rádios o espaço é menor ainda, tirando a agenda cultural, há pouca informação. O que de diferente o público encontra na televisão? No jornal impresso a mesma coisa acontece. É claro que o público gosta de se interar da programação do fim de semana, sobre os bastidores de alguns eventos e fofocas de celebridades. Mas cultura não é só isso.
Um exemplo que ilustra muito bem o pensamento acima foi que na semana passada, vimos várias matérias sobre o conjunto Heaven & Hell, banda originada do Black Sabbath. O grupo apresentou o show The Devil You Now, no dia 13 de maio no Ginásio Nilson Nelson, em Brasília, por isso a banda foi destaque na programação local. E não podemos esquecer que na mesma semana, vários outros eventos estavam acontecendo na cidade.
Já os jornais de circulação nacional deram mais ênfase aos shows que a banda Oasis fez no Brasil agora em maio. O grupo iniciou uma turnê mundial com o CD “Did out your soul” e as apresentações foram em diversas cidades, entre elas: São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre.
Porém, as notícias sobre a turnê da banda só renderam mesmo quando o guitarrista, Noel Gallagher, criticou a estrutura dos shows no Brasil. Isso sim foi importante. Como não noticiar mais uma reclamação sobre o estilo das produções nacionais? Ou seria apenas mais um ar de “estrelismo” de uma pessoa famosa? Depois como não noticiar, e muito, as desculpas do mesmo? Espera um pouco...Como assim isso foi o mais importante? Acredite, a maioria da imprensa pensa que sim.
Falando em imprensa, ela não dá muito destaque para a cultura. Por que? Será que imagina que o público não se interessa? Eis a resposta: Nós nos interessamos sim, gostamos sim. Mas uma matéria sobre a gripe suína vende mais do que uma boa reportagem sobre MPB. É verdade, podem acreditar.
Será que o problema está no desinteresse dos “artistas e arteiros” de plantão em divulgarem seus trabalhos? Ou será que a porcaria do anunciante não se interessa por programas culturais? Talvez um pouco dos dois. Mas a realidade é que o público que está se formando agora gosta muito de saber sobre os artistas da cidade, debates, manifestações culturais e coisas ligadas à arte.
Por fim, o que podemos concluir é que mesmo com toda a força que representam as bandas, citadas acima, o espaço para a discussão e exposição sobre assuntos dirigidos a cultura ainda é muito pequeno. Vimos mais ou menos na televisão, pouco lemos nos jornais e quase não ouvimos nos rádios a notícia sobre a primeira brasileira a comandar um espetáculo no circo Cirque du Soleil. Deborah Colker dirige, sabia? Isso sem falar da compositora pernambucana, Lulina, que vai escrever músicas com a ajuda de fãs, amigos e parentes no projeto de 13 meses, 13 músicas, um álbum e todos os compositores do mundo.
A alternativa para quem busca um pouco mais sobre o mundo das artes e suas desenvolturas é acessar sites de entretenimento, que além de fofocas de artistas, contam sobre os projetos das bandas, as novas peças e sinopse de filmes. Mas quem não tem esse artifício tecnológico, precisa de paciência para buscar um tablóide na banca de revista.
Julia Maria Carricondo, Gisele Fernandes, Antônio Naves
sexta-feira, 15 de maio de 2009
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