Se disséssemos há uns quatro anos que um homem chamado Barack Hussein Obama, negro, teria grandes chances de ser presidente dos EUA, ririam da nossa cara. Hoje, não mais. Com um nome que lembra dois dos maiores inimigos recentes do país e da “democracia” do presidente Bush, Barack veio comendo pelas beiradas, desbancou a esposa do “Rei do Salão Oval”, Hillary Clinton, e disputa cabeça a cabeça a cadeira de presidente de mundo com o candidato republicano John McCain.
De qualquer forma, não se pode negar que essas eleições norte-americanas estão mostrando que o cidadão daquele país realmente quer mudanças, quer mudar sua perspectiva e vê em Obama uma possibilidade disso acontecer. Um presidente negro, de fortes raízes africanas parece ser um bom sinal. McCain, por sua vez, representa o velho estilo de administração republicano. Homem branco, bochechas coradas e olhos azuis, ex-marine e conservador, o típico american citizen. Tentando chamar para si as atenções do eleitorado feminino e tentar parecer um pouco mais inovador, o republicano chamou para ser sua vice-presidente uma mulher. Sarah Palin tornou-se uma celebridade maior que McCain, mas não por sua administração no estado do Alaska – que até onde alguns de nós imaginávamos só tinha gelo e mais gelo – e sim por ser uma mulher bonita, bem vestida e apreciadora de armas de fogo.
A disputa do republicano McCain contra o democrata superstar e campeão de popularidade, Barack Obama, veio perdendo espaço considerável na mídia, logo na reta final, faltando pouco mais de uma semana para as eleições. Mas por quê? Simples. Em Santo André, São Paulo, um menino de 22 anos invade o apartamento de uma menina de 15, com quem havia rompido namoro dias antes, rende todos na casa e os ameaça com um revólver. A polícia negocia com o rapaz por quatro dias, em uma operação que culmina na morte da moça e na discussão sobre a eficácia da operação.
Ainda que tais acontecimentos deixem as eleições nos EUA em segundo plano, a imprensa continua falando. No dia 20/10, o Jornal Nacional comentou sobre a arrecadação recorde para a campanha de Obama. Realmente, o cara é um fenômeno de popularidade. No dia seguinte, falou-se de Obama também. McCain está sendo um mero coadjuvante, definitivamente. O JN falou sobre o assunto praticamente toda a semana, em pequenas materiazinhas.
O Jornal da Record fez parecido. Distribuiu matérias sobre o tema durante a semana. Obama em alta, como sempre, e a vice de McCain anunciada como despreparada. O telejornal noticiou ainda que o candidato democrata desembolsará US$ 150 milhões para exibir um mini documentário nas principais redes de televisão do país em horário nobre. Os dólares arrecadados são valores altos considerados como recorde histórico atribuído a uma campanha.
O impresso O Globo não ficou atrás, cobrindo com intensidade o assunto. Durante toda a semana o jornal tratou das eleições, com matérias sobre os candidatos, análises e entrevistas com personalidades de diversas áreas. Falando novamente de Palin, O jornal deu uma nota falando que a candidata a vice-presidente é a piada preferida dos norte-americanos. Em outra edição o jornal destacou a participação da candidata no programa humorístico Saturday Night Live, que vem satirizando-a constantemente. A exemplo de outros veículos, McCain está sofrendo com a grande popularidade de Obama. A Folha deu destaque, sobretudo na editoria Mundo, tendo, inclusive, um editorial exclusivo. Grande parte das críticas vai para o republicano, enquanto a maioria dos elogios cai na conta do democrata. O que se repara também é que Bush não tem um terço do respeito que tinha antes. Ele é tratado como um velho senil cujo tempo já passou. Podemos dizer que, de certa forma, estão certos.
As rádios também estão cobrindo intensamente o assunto. A CBN dá informações diárias sobre as eleições, com correspondentes que acompanham de perto os movimentos dos candidatos. E como ninguém quer ficar de fora dessa, a Band News também noticia largamente o pleito diariamente.
Não estamos querendo nos antecipar a nada, mas com a popularidade de Obama e as sucessivas ignoradas que a imprensa dá em McCain, essa eleição se desenha como uma barbada, ainda que o democrata não dispare vertiginosamente nas pesquisas. Se, a despeito das previsões, McCain vencer, as eleições de 2008 vão entrar para a história como a maior zebra de todos os tempos.
Nathalia Frensch, Amilton Leandro, Marcelo Brandão, Raquel Bernardes, Erik Lima
terça-feira, 28 de outubro de 2008
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