Vamos ser francos, quem já viu uma palestra do senador Cristovam Buarque já viu todas. É aquele sambinha de uma nota só durante todo o tempo. Educação, educação, educação. Mas será que ele não está mesmo certo? Quero dizer, existem centenas de milhares de problemas no Brasil, e a maioria deles faz com que sejamos esse país com uma bola de ferro amarrada nas pernas. Temos um território de dimensões continentais, uma biodiversidade absurdamente vasta, terras férteis para plantação de um porrilhão de coisas, além de uma quantidade incalculável de petróleo, o ouro negro. E ainda assim continuamos a ser o eterno “país em desenvolvimento”, um termo que alguns proferem com orgulho, mas eu não. Sinto mais que somos as “Províncias de Luxo” dos EUA e da Europa. Mas chega desse papo de amante do comunismo e viúva do Che de que a política neoliberalista profana imposta pelos Estados Unidos e blá blá blá... Não que não faça sentido, mas não é o momento.
Recuperando o raciocínio; muitos desses problemas que nos estapeiam sem luvas de pelica cada vez que saímos na rua poderiam ser minimizados, ou até mesmo extintos, caso o país investisse pesado em educação. É certo de que não veríamos tantas crianças pedindo esmola na rua (muitos orientados por seus pais) e gente mendigando por aí. Também não teríamos medo de que o cara ali parado vá nos roubar a carteira ou daquela galerinha que cheira cola em garrafas vazias de Coca 600. Queira ou não, educação é a base. Criança na escola, motivada e aprendendo, tem 110% de chances de qualificar-se profissionalmente e ajudar o país a crescer. A era do povo burro e facilmente domesticável acabou. Cada um dos cerca de 190 milhões de brasileiros deveria carregar consigo essa responsabilidade, mas, para mais da metade dessa gente as oportunidades passam longe, e só para uma fatia infinitamente menor a faculdade deixará de ser apenas uma palavra solta no dicionário.
Há que se reconhecer que com tudo que aconteceu no mundo essa semana, a educação realmente não tinha muita chance. É a crise econômica acachapante que fez os investidores prenderem a respiração nos últimos dias, são as eleições para “presidente do mundo” nos EUA, são as partidas da seleção brasileira, além do caso do rapaz que entrou numas e resolveu seqüestrar a ex-namorada que não queria papo com ele. Realmente, fica pequeno pra educação...
Assim, o Jornal Nacional fez uma materiazinha só durante a semana, denunciando a prática ilegal que algumas escolas fazem, de cobrar uma grana extra para reservar vagas em suas fileiras. Boa pauta e muito importante, mas foi só. O DFTV fez uma matéria sobre uma escola absolutamente precária em Samambaia, mostrando um retrato fiel do descaso com a educação.
A Record, em seu telejornal local, denunciou um laboratório de informática precário em uma escola de Planaltina. A mesma escola não tem livros para as crianças estudarem, e as mesmas têm que “se virar nos 30” para estudar. O governo e a direção da escola deram respostas evasivas, tipo “eu vou resolver... eu vou...”.
Os impressos nos decepcionaram desta vez. O Correio Braziliense só falou de educação em uma notinha mísera. Nela, lia-se sobre um 14º salário oferecido para os professores e funcionários das escolas da capital que tiverem bom desempenho, que será medido pelo sistema de avaliação da Secretaria de Educação do DF. Boa notícia, inclusive. Esperamos que dê certo. O Globo não foi muito além. Publicou uma nota e uma matéria sobre o tema. Muito pouco para o que o impresso pode fazer, diga-se de passagem. A Folha não foi muito melhor. Dedicou pouco espaço, com algum destaque para uma reportagem sobre ioga pedagógica. A mesma mostrou como técnicas de ioga podem ajudar os alunos a aprenderem as disciplinas escolares.
O rádio, por sua vez, irá carregar o Troféu Saco de M. Não publicou nada referente à educação e vai levar essa com méritos de sobra. E dessa vez o Troféu Balacobaco vai ficar acumulado para a próxima semana. Ninguém o mereceu no quesito educação, então ninguém leva. E está dito.
Em tempo: o título desse post foi tirado de um livro do Casseta e Planeta das antigas. Da época que eles mandavam bem de verdade.
Erik Lima, Amilton Leandro, Nathalia Frensch, Marcelo Brandão, Raquel Bernardes
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
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