Quando o Disney Channel exibiu em 2006 o primeiro telefilme da série High School Musical não se sabia que aquela revisão de Romeu e Julieta faria tanto sucesso. Pois fez. O mérito não é somente das crianças de quatro a 32 anos (isso mesmo, 32, até os adultos gostam de futilidades infantis). Devemos também dar merecimento às Tevês e Rádios.
Foram as emissoras americanas que impulsionaram esta febre. É só falar os nomes Troy (Zac Efron) e Gabriella (Vanessa Hudgens) perto de uma criança que os gritos começam. Aqui, no Brasil, não é diferente: a CBN, a cada 15 minutos desta semana, passou os comerciais do show dos brasileirinhos pseudo-High School Musical; A Globo, pelo menos uma vez no Jornal Nacional tinha que fazer uma matéria “light” sobre o assunto. Desta vez, o tema foi sobre o filme que estréia hoje, 24 de outubro, High School Musical 3. Os jornais impressos Estadão e Folha não ficaram para trás. Ambos fizeram uma matéria sobre a febre dos garotos do colegial, de um romance nada original e com que a Disney faz de melhor: musicais.
Mas estes paparazzi todos em cima dos garotos da Disney reforçam valores distorcidos, porém embutidos em nossos queridos pimpolhos. Se a vida dos adolescentes no colegial já é, em si, uma disputa de aparências, na vida real, o filme leva esse mundo de aparências ao extremo da caricatura.
Claro que, como toda construção de ficção, o High School Musical 3 depende da crença do espectador nessa construção. E, se você não compra a caricatura, então fica divertido reparar nos cacos de realidade que se esgueiram pelas fraturas desse mundo aparentemente perfeito do filme. O que os senhores da mídia não mostram.
A começar pelos próprios Zac Efron e Vanessa Hudgens - ele, uma jogada de estúdio frankensteineana para construir um galã ao mesmo tempo de rosto virgem e músculos definidos, com os braços venosos que denunciam o abuso da malhação; ela, um corpo formado, ciente de seus dotes (será que alguém ainda se lembra dos filmes caseiros que ela fez e colocou na internet?), que a Disney tenta cobrir de castidade, mas que transparece numa dança na chuva ou numa mordida lasciva de morango coberto de chocolate.
São contradições como essas - o menino frágil, mas adulto, a menina casta, mas safada - que fazem de High School Musical 3 um fascinante teatro de hipocrisia. O nerd tem 15 segundos de fama, mas primeiro precisa passar vergonha pelado na frente de todos. A negra pode até sonhar em virar presidente dos Estados Unidos, mas primeiro ela precisa segurar o guarda-chuva da princesa.
Quem esse falso discurso politicamente correto quer enganar? Contos de fada são festivos e coloridos, enfim, mas é também o palácio dos reacionários. As crianças podem ficar até felizes pelas coreografias bem elaboradas e pelas cores chamativas, mas o que elas não observam é que suas cabeças em desenvolvimento estão sendo entupidas de futilidades e anarquia. Por isso, eis um apelo aos barões da mídia – Por favor, High School Musical, no more (do inglês, não mais) please!
Grupo: Carolina Lima, Gustavo Souza, Priscila Botão, Rayanne Portugal.
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
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